Público volta e restaurantes faturam mais
A projeção é faturar R$ 300 bilhões até o fim do ano, superando 2019, ano pré-pandemia, quando a receita foi de R$ 235 bilhões, segundo dados da Abrasel
Um dos setores que mais sofreram com as restrições impostas nos primeiros dois anos da pandemia de covid-19 foi o de bares e restaurantes. Mas, com o avanço da vacinação, o consumidor está voltando. A projeção é faturar R$ 300 bilhões até o fim do ano, superando 2019, ano pré-pandemia, quando a receita foi de R$ 235 bilhões, segundo dados da Abrasel.
Em 2020, o setor teve uma perda de faturamento de cerca de R$ 60 bilhões, e, de março de 2020 a julho do ano passado, 300 mil estabelecimentos fecharam as portas e 1,2 milhão de pessoas perderam seus empregos.
Com mais gente vacinada, o cenário mudou. De acordo com a Abrasel, além das 600 mil vagas que já foram recuperadas, ainda em 2021, mais 100 mil empregos devem ser gerados em 2022.
A empresária Lygia Lopes, sócia dos restaurantes Spot e Ritz, com cinco unidades em São Paulo, está otimista. “Com a volta às aulas e a terceira dose [da vacina contra a covid-19], as pessoas se sentem mais seguras e estão voltando aos restaurantes. No início do ano, o público foi retornando aos poucos, mas, agora, estamos sentindo uma retomada mais forte do movimento”, disse ela, ontem, na Live do Valor.
Mesmo durante o período mais duro para o negócio, com as proibições de abertura das casas (com funcionamento só para “delivery”) e depois com restrições rigorosas de horários, o grupo não demitiu ninguém. “Entendemos que uma equipe treinada é um ativo muito importante [para se abrir mão]. Aliás, é o ativo mais importante.
E sabíamos que era fundamental manter a equipe, porque acreditávamos na retomada”, disse a empresária. O serviço de entrega a domicílio e os empréstimos feitos pelo grupo conseguiram abastecer o caixa da empresa de modo a não precisar fechar nenhuma unidade.
A empresária contou que foi preciso fazer adaptações no cardápio para que os pedidos chegassem íntegros à casa dos clientes, pois alguns pratos não viajam bem nas embalagens de “delivery”. “Por exemplo, tivemos que tirar do cardápio a Salada Spot, com pera, noz e gorgonzola. Mas, agora, com a retomada, a opção já está de volta ao menu.”
Com o retorno mais forte da demanda aos salões das cinco unidades da empresa, Lopes observou que um público novo, principalmente na unidade da avenida Paulista do Spot, apareceu. “Como estamos numa região com muitos escritórios e bancos, os executivos sempre foram mais presentes na hora do almoço. Mas, agora, percebemos uma maior frequência de turistas, amigos e famílias se confraternizando. É como se as pessoas viessem aqui para celebrar.”
Ela também percebeu um consumo maior de bebidas alcoólicas no almoço de segunda a sexta-feira, algo que acontecia mais de quinta a domingo. “O ambiente está nitidamente mais festivo, depois de tudo o que passamos.”
A empresária afirma que existe a emoção de receber os clientes habitués e os novos, mas a hora é de pagar as dívidas, adquiridas no pior momento da pandemia. E só depois pensar em voos mais ousados. “Queremos fazer uma reforma no Spot da Paulista e pensamos em expansão, sim, mais isso só acontecerá bem mais para frente”, afirmou.
Fonte: Valor